Em entrevista para o Notícias da TV, Claudia Rodrigues, que convive com esclerose múltipla desde 2000, defende que o tratamento com a cannabis medicinal é um caminho eficiente para superar a enfermidade: “Sou outra pessoa.”. A Humorista é uma das principais vozes sobre a discussão do tema no Brasil.
O canabidiol, molécula que compõe a planta cannabis, é responsável por atuar no sistema nervoso central e apresenta efeitos terapêuticos para o tratamento de doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas –dentre elas, a esclerose. Para Adriane Bonato, ex-empresária e namorada de Claudia, a burocracia em torno da venda da substância no país está relacionada à ameaça que o medicamento representa para a indústria farmacêutica.
“Esse preconceito é instituído através das indústrias farmacêuticas que não têm interesse de que o produto chegue ao consumidor. É um produto natural e que não tem efeitos colaterais”, acredita Adriane. “Não é interessante para a indústria que o canabidiol seja legalizado e venha para o mercado com força total.”
Antes de fazer uso de canabidiol, Claudia não podia tomar bebidas quentes. Por conta de tremores em seu braço direito, a atriz corria o risco de derramar o líquido e se queimar. Depois que passou a utilizar o produto, a frequência de tais episódios se tornou menor. “Quando tem entrevista ou alguma gravação de vídeo, ela toma o remédio, porque acelera o processo. O olho dela fica retinho, ela anda melhor, o raciocínio dela fica rápido”, detalha Adriane, que acompanha o cotidiano de Claudia com a doença há dez anos.
“Desde que eu comecei a usar, sou outra pessoa”, responde Claudia.
Existem contraindicações?
De acordo com Dra. Amanda Medeiros Dias, médica da Clínica Gravital Curitiba, especializada em cannabis medicinal, o canabidiol age em funções primitivas do corpo, como dor, fome e sono, além de possuir poder anti-inflamatórios. A ausência de efeitos colaterais no canabidiol é um dos pontos que o diferencia do THC (tetra-hidrocarbinol), composto presente na cannabis e capaz de causar dependência química nos usuários. “São duas coisas diferentes”, explica Amanda.
“Os dois são anti-inflamatórios e ativam o nosso cérebro, mas o THC, em alta dosagem, pode causar alteração de consciência. Por isso ele é utilizado no mundo recreativo da cannabis”. “Claro que doses altas de canabidiol não são ideais, mas ele não traz algum efeito colateral. Já o THC, em dose alta, pode causar hipotensão, queda de pressão ou algum outro tipo de mal-estar”, complementa.
A médica reforça a importância do acompanhamento de um profissional da saúde durante o uso do medicamento. Ela diz que, para obter a Autorização de Importação Excepcional de produtos com canabinoides, documento emitido pela Anvisa, é preciso de uma prescrição médica. “O uso terapêutico da cannabis precisa ser adequado ao organismo e à condição a ser tratada.”
A esclerose e o canabidiol
Na esclerose múltipla, o sistema imunológico ataca a mielina, substância responsável por permitir sinalizações entre uma célula nervosa e outra. É a partir desta desmielinização que surgem os sintomas da doença, que incluem a perda da visão, dor, fadiga e o comprometimento da coordenação motora. O uso do canabidiol ajuda a combater o ataque e reduz as sequelas originadas. “A esclerose múltipla não tem cura, mas o canabidiol pode melhorar os sintomas da doença”, reforça a especialista. Além da esclerose, o produto pode ser usado no tratamento de doenças como a epilepsia, mal de Parkinson, fibromialgia, Alzheimer e Aids.
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