Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), no Paraná, mostrou que um paciente com Alzheimer teve reversão de sintomas após utilizar óleo de cannabis. Delci Ruver, de 78 anos, apresentou melhoras no humor, no sono e na memória.
Inédita no Brasil, a pesquisa acompanhou o tratamento do paciente por 22 meses. O idoso consumiu diariamente 500 microgramas de extrato de cannabis com maior concentração de THC. Quando combinado com o canabidiol (CBD), a substância apresentou efeitos neuroprotetores.
Com esse resultado, outros 28 pacientes foram incluídos na pesquisa. Um grupo recebeu o extrato de cannabis e outro placebo. De acordo com os pesquisadores, as primeiras análises já são bastante promissoras, uma vez que a maioria dos pacientes encontra-se estável. O principal objetivo do estudo é mostrar que a cannabis pode retardar ou impedir o avanço do Alzheimer.
O óleo de cannabis foi utilizado graças ao trabalho conjunto realizado com a Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace), primeira instituição do país autorizada pela Justiça a cultivar maconha medicinal.
Alzheimer
O Alzheimer é uma doença degenerativa, crônica e rápida. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano no país. A patologia atinge principalmente pessoas acima de 65 anos. No mundo, a doença acomete 50 milhões de pessoas.
Após a comprovação inequívoca dos resultados, o que deve levar ainda algum tempo, o próximo desafio será tornar a cannabis um medicamento com preço acessível ou oferecido gratuitamente pelo SUS.
Cannabis
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), nos últimos 40 anos, diversas evidências apontam que o CBD é uma substância com amplo espectro de ações farmacológicas.
O interesse terapêutico foi constatado em diversos quadros como para tratamento de epilepsia, esquizofrenia, doença de Parkinson, Alzheimer, isquemias, diabetes, náuseas e câncer. Também há evidência de eficácia como analgésico e imunossupressor em distúrbios de ansiedade, do sono e do movimento.
Pesquisas de toxicidade e efeitos adversos do uso continuado de CBD em humanos envolveram voluntários saudáveis, pacientes com epilepsia, com doença de Huntington, Parkinson e esquizofrenia. Nesses estudos, as doses de CBD variaram de 200 a 1.500 mg (dosagem mais frequente de 800 mg), por períodos entre quatro e 18 semanas. As medidas de acompanhamento incluíram: testes bioquímicos e laboratoriais de sangue, eletrocardiograma, eletroencefalograma, pressão arterial, frequência cardíaca, exame físico e neurológico; e relato subjetivo de sintomas adversos.
Os resultados apontaram que não foram encontradas alterações consistentes associadas ao uso do CBD a não ser alguns relatos de sonolência com doses mais altas. O uso repetido não produziu tolerância de seus efeitos, nem qualquer sinal de dependência ou abstinência em testes com camundongos.
Fonte: G1, Correio Braziliense e Conselho Federal de Medicina