Canabidiol e autismo: potenciais e avanços no tratamento

Estima-se que 2 milhões de brasileiros são diagnosticados com algum grau de autismo, segundo dados do Center of Disease Control and Prevention (CDC), publicados na revista da USP (Edição 170). 

Essa é uma síndrome que ainda sofre com a falta de informações e, consequentemente, de acompanhamento médico, que poderiam amenizar os desconfortos gerados para as famílias.  

Nesse sentido, o canabidiol no tratamento do  autismo vem representando uma alternativa e um tratamento de suporte para aliviar sintomas, mas com menos efeitos colaterais que os tratamentos tradicionais. 

Uma das ações do CBD nessa síndrome se dá nas interações sociais, que é um ponto em que os autistas demonstram mais dificuldades.  

Para melhorar a qualidade de vida dessa parcela da população, já é possível encontrar cursos de cannabis medicinal voltados exclusivamente para médicos. Assim, os profissionais formados são qualificados para incorporar esse conhecimento em seu arsenal terapêutico, que vem demonstrando grande potencial.  

Neste artigo, você entenderá mais sobre como estão os avanços dessa nova área da medicina. Acompanhe.  

A seguir, você vai saber:

Canabidiol e autismo: os avanços da medicina endocanabinoide

Em 2018, um estudo publicado na Elsevier avaliou estudos clínicos e pré-clínicos relacionados ao uso do canabidiol no autismo — chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

O principal avanço percebido na qualidade de vida dos autistas é na melhora da interação social, além de sintomas comuns dessa síndrome, como a insônia e o TDAH.  

Antes disso, entre os anos de 2015 e 2017, a Revista Nature publicou e acompanhou os estudos sobre o uso do canabidiol no autismo. Os resultados foram promissores, considerando que com seis meses de testes os pacientes já apresentaram melhoras.  

Estudos no Chile  

Em um estudo realizado no Chile, 21 pacientes receberam doses orais com 19% de CBD e 9,5% de THC. Após o período de observação, 66,7% dos voluntários relataram melhora nas seguintes dificuldades: 

  • Comunicação social; 
  • Comportamento repetitivo; 
  • Linguagem; 
  • Aceitação de alguns alimentos; 
  • Diminuição no número de convulsões; 
  • Melhora do sono. 

Israel  

Em 2019, Berkovitch realizou um estudo com 53 pacientes diagnosticados com TEA. Com idades entre 4 e 22 anos, eles receberam, todos os dias, doses de THC e CBD. Em relação aos pacientes que sofriam com sintomas relacionados à hiperatividade, 67,6% relataram melhora no sintoma e na qualidade de vida.  

Há cada vez mais evidências científicas. Os estudos demonstram, em conjunto, os efeitos positivos da substância no controle dessa síndrome e os cursos de cannabis medicinal se mostram como uma importante via para capacitar médicos e ajudá-los a melhorar a qualidade de vida de pacientes com transtornos graves e refratários.  

Efeitos do canabidiol em pacientes com autismo 

Além das dificuldades de interação social, as pessoas diagnosticadas com TEA podem sofrer com insônia, convulsões, ansiedade e comportamentos aditivos (compulsões e obsessões).  

Lembrando que a planta utilizada é a Cannabis Sativa L, cujas duas pricipais substâncias são o  Tetrahidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD). A melhora no quadro clínico e o alívio de episódios que geram desconforto e problemas sociais são efeitos do uso de um óleo produzido com essas substâncias.  

Uma das suas principais ações acontece por meio da modulação e liberação de neurotransmissores agindo também como medicamento anticonvulsivante,antiinflamatório e antioxidante.  

Canabidiol (CBD) 

A ação protagonista do canabidiol no autismo se dá nos receptores de serotonina, resultando no efeito ansiolítico do tratamento. 

Semelhante ao uso do antipsicótico aripiprazol, o CBD tem ação moduladora no sistema chamado de GABA-glutamato, que sofre alterações importantes em pacientes com Transtorno de Espectro Autista.  

Tratamento tradicional e tratamento com canabidiol para autismo  

Além das ações propriamente ditas do canabidiol no controle do TEA, o tratamento também leva a poucos efeitos colaterais. Os pacientes com autismo geralmente sofrem com o excesso de estímulos em seus neurotransmissores, podendo levar a neuroinflamação e estresse oxidativo.  

Para amenizar essas ações, os tratamentos tradicionais usam medicamentos tarja preta. Essas substâncias trabalham na interrupção dos transmissores e geram muitos efeitos colaterais, como distúrbios do sono, alterações do apetite e até mesmo do humor. 

Já o canabidiol tem interação natural com esses neurotransmissores, ou seja, eles não buscam a interrupção, mas sim o equilíbrio da função dos neurotransmissores. Dessa forma, consegue-se melhor controlar efeitos colaterais indesejados, como a inquietação excessiva.  

Desafios do tratamento do autismo com CBD 

Nos últimos anos, o Brasil e diversos outros países passaram por avanços nos estudos sobre o tratamento com canabidiol para o autismo. No entanto, ainda há muito o que avançar.  

Além dos impedimentos de recursos financeiros, é preciso superar barreiras contra o preconceito. Em consequência dessas dificuldades, os pacientes com TEA se deparam com preços elevados dos medicamentos à base de canabidiol. 

Avanços  

Apesar das dificuldades e passos lentos, já se pode perceber avanços. O primeiro e mais importante deles são os cursos voltados exclusivamente para médicos sobre a cannabis medicinal. De forma que os pacientes possam ter mais uma alternativa de tratamento para sintomas que até então, não tinham solução ou precisavam de remédios controlados, como os tarja preta.

A tendência é que novos estudos surjam, tornando essa alternativa de tratamento mais acessível e menos burocrática. Junto a isso, a Anvisa vem liberando a comercialização de medicamentos à base de canabidiol. Mesmo que ainda seja um processo burocrático, são novos passos que dão a possibilidade de melhoria na qualidade de vida desses pacientes. 

Isso vale não somente para pacientes com TEA, mas também, para pessoas diagnosticadas com outros distúrbios, como depressão, anorexia, epilepsia e dependência química.  

Entre os avanços mais recentes, destaca-se o pedido do Ministério Público Federal. Em 2020, o Tribunal Regional Federal acatou a solicitação para que os medicamentos à base de canabidiol estejam na lista de fármacos distribuídos pelos SUS. 

O uso de canabidiol para o autismo é uma vertente promissora e um avanço para a medicina. Com a qualificação e atualização dos nossos médicos, além do surgimento de novos estudos, os pacientes diagnosticados com esse grave distúrbio podem ter melhores resultados e mais qualidade de vida.


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